2004/02/27

[ pois é ]



Ah, e com cartazes como estes, quem é que quer sair de lisboa? Claro que o Santana, para ripostar a estas provocações infundadas do PS, além dos seus belos cartazes propagandísticos, já conseguiu fazer uma iniciativa que ultrapassou em larga escala a iniciativa "Bairro Alto, Alto Astral" (esse sim, um slogan que para muitos pareceu insuperável, embora genial por ter sido concretizado em início de mandato); sim: lisboa, agora, tem ali ao pé do IADE uma pista de gelo, onde se pagares 2 euritos divertes-te durante uma hora, fazendo piruetas, treinando para Atenas 2004, quem sabe.
Mas o melhor mesmo é o slogan desta audaz iniciativa: fiquem sabem que
"Lx on Ice, É Nice!"
Santana, és fixe! Mas mais fixe deve ser a tua equipa de criativos! Não sei bem se os fuzile se os carregue em ombros felicitando-os.
E PS, a vossa não lhes fica atrás.

2004/02/26

Não sei porquê mas estas férias de duas semanas que ando a passar em lisboa andam a estupidificar-me para além do razoável: já não escrevo para este blog há praí umas duas semanas porque só tenho ideias inexplicavelmente estúpidas, mas mesmo essas preciso de extravasar.

O meu quotidiano resume-se a poucas coisas interessantes, umas das quais é ver televisão. Descobri as maravilhas do compacto McGuyver ao domingo na Sic Radical, e passo o resto do tempo entre a Sic Gold e a Sic Mulher, a ver programas interessantes como, à tarde, a Murphy Brown (ah! mas é o Haley Joel Osment a fazer de filho da Murphy!!), os Inseparáveis (em que o Vandy é fabulosamente bom, juntamente com o Carson) , A Juíza (alguém me traga aquele instrutor de karaté), o Começar de Novo (um clássico, em que que acompanhamos o crescimento de Eli, um rapazito que se tornou bastante interessante ao longo do tempo), e claro, o Sexo e a Cidade (em que eu sou, claramente, a Samantha -talvez sem o sexo incessante-, com alguns laivos de Charlotte -sim, aquelas descobertas fantásticas que ela faz de vez em quando também me lembram alguns episódios da minha vida-, e descubro tudo o que sei sobre maquilhagem, roupa, carteiras Fendi e sapatos Manolo Blahnik). À noite, tenho a Sic Gold, com o Barco do Amor (que é uma seca inexplicavelmente grande, mas o vestidos e os penteados compensam), o Dallas (que já não é uma seca mas os vestidos e os penteados também compensam), a Casa na Pradaria (sou viciadíssima!! O Michael Landon é uma espécie de guia espiritual, e aquelas lições sobre o amor e a vida são extremamente gratificantes, aquelas frases, aquela simplicidade, aquela coisa tão... não existente!!! - e para quando... Um Anjo na Terra???), mas depois ainda vem o Cheers, Aquele Bar (Ted Dawson?, infância?). Noutras alturas, opto por coisas mais mainstream como o Kubanacan (aquele Marcos Pasquim tira-me do sério), MTV, VH1, Sol Música, MCM, Cartoon Network, aturar a minha irmã que é viciada no People + Arts (Wedding Story, Makeover Story) e nos programas da BBC Prime em que eles remodelam casas em um dia e sem gastar um tostão, e pronto, já dá para não fazer nada o dia inteiro, deitar-me às 3 da manhã e dormir até ao meio-dia.

Depois, o fim de semana traz aquelas coisas interessantes que são as saídas à noite, as bebedeiras, o chegar a casa muito cedo e as ressacas subsequentes. Não pensem que a minha vida se limita a isto, mas o facto é que este fim de semana, com o fim das aulas e as festas de Carnaval, trouxeram uns quantos episódios interessantes. Nesses dias a minha vida tornou-se similar a um filme: cada dia era um diferente. Se na sexta feira, com a festa de Carnaval da FBAUP, a bebedeira associada e todos as vicissitudes que se lhe seguiram a minha vida foi uma espécie de filme porno soft core; na segunda feira, com as viagens que fiz para sair à noite, de óbidos para lisboa, levar pessoas a casa, trazer pessoas a casa, a estrada não acabava e eu, a guiar, só me sentia no Lost Highway.

E agora devia arranjar alguma coisa interessante para acabar este post, mas não me lembro de nada. Deve ter qualquer coisa a ver com esta estupidificação constante. O que vale é que para a semana começa o trabalho outra vez, deixo de faltar as aulas, fico sem dores de garganta e volto a atinar.

2004/02/22

Já há muito que toda a gente culpa os filmes violentos, as bandas de rock, os G.I Joes de serem a principal causa da violência e de muitos actos sanguinários (que inclui cabidela e papas de sarrabulho) das novas gerações... Eu, sinceramente, não concordo e tenho que admitir que sinto impulsos homicidas quando vejo na televisão programas de viagens; que incluem climas tropicais, mar cristalino, bananeiras, cocktails, areia branca, biquinis...factores que me levaram a considerar adquirir uma arma de fogo.
Por outro lado, sempre que vejo o Marylin Manson penso no circo Chen.

2004/02/19

É público que os Guns n'Roses vêm actuar em Portugal no festival Rock in Rio.
Espero que a organização do tão afamado festival não tente passar a perna ao povo português e cumpra o anunciado. Concertos de rock, literalmente, dentro do rio Tejo.
Pagar 10 contos (50 euros para as gerações de 2000) para ver menos que os Guns afogados.... não compensa.

2004/02/07

Embora já tenha sido há umas duas semanas, tem sido um assunto que me anda a "inquietar": fui ver umas peças da Olga Roriz quando passaram aqui no Porto, no Teatro Carlos Alberto (curiosamente, a tininha também!).
Eu não queria ir, dizia que dança contemporânea não é a minha coisa, que Olga Roriz não me cheirava muito bem, que não tinha dinheiro... mas nessas artimanhas comuns a tantos estudantes, quando me ofereceram os bilhetes de graça não pude dizer que não.
Nunca tinha ido ao TeCA. Aquilo estava à pinha, Rui Reininho na plateia, uma loucura, aquele ar de coisa cultural requintada, pessoas vestidas de preto destoando de alguns freaks bastante coloridos que concerteza são bailarinos ou actores, desliguem os telemóveis, um som de fundo que era uma trovoada, paredes pintadas de cores escuras, felizmente só uns poucos eram da minha faculdade, portanto senti-me um bocadinho mais à vontade.
Enfim. Nem me estava a parecer muito mau, mas isso foi antes de começar.
Acho que posso resumir tudo num parágrafo: ainda bem que não fiquei na primeira fila. Naquela parte em que eles cuspiam vinho e pasta de dentes para a frente, para os lados, para trás, não gostava de ter apanhado com os salpicos (senão mesmo com meio litro em cima). Naquelas outras partes em que poemas franceses eram ditos ao som de música atonal enquanto 3 bailarinos se contorciam em locais diferentes do palco, pensei que se me levantasse daria mau aspecto, mas foi quando um moço se aproximou de um microfone e enquanto outros 5 faziam uma especie de orgia no meio do palco ele arrotava durante mais tempo do que é humanamente possível que eu percebi onde é que me tinha metido. No entanto, foi no momento em que, mais uma vez perto do microfone, dois moços zurravam, coaxavam, ladravam, miavam, zuniam, urravam, enquanto outros dois se faziam (adoro esta palavra) selvaticamente que eu cheguei a uma conclusão concreta - nunca mais vou ver estas freakalhadas.
Estas tentativas de explorar o corpo e os limites humanos, bem como os limites da estupidez e endurance humanas, parecem-me muito bem, perfeitamente legítimas - mas podem perfeitamente ser executadas em casa, para os amigos, e sobretudo NÃO devem pedir dinheiro por elas. Ou então se pedirem façam um favor às pessoas e avisem-nas do que elas vão ver, que é para elas se recusarem a ir. Exploração é o que eles fazem quando se alimentam à custa da ignorância das pessoas, traumatizando muitas delas, sem elas terem oportunidade de ripostar.
Ah sim, e descobri que afinal a dança contemporânea até pode ter o seu interesse. Quando é dança. Pasta de dentes, algemas, roupa de cabedal e trelas à parte... e sem Olga Roriz.

PS. Aquele outro post que dizia que as pessoas amam tudo aquilo que não compreendem verificou-se mais uma vez aqui: a plateia aplaudiu toda de pé, e até a Olga regressou duas vezes para agradecer os aplausos. Toda, quer dizer, eu fiquei sentada a bocejar.

2004/02/02

Fico feliz por saber que humor em Portugal está vivo e de boa saúde...
O jornal Público resolveu fazer mais uma publicação de carácter humorístico, depois da Xis, temos, agora, O Inimigo Público.... Apesar das 2 publicações divergirem na sua intencionalidade, não deixam, ambas, de ser um fartote de riso...
Noutro dia quando fiz uma pausa dos papéis e do estudo dei por mim a fazer zapping e a parar no SOL MÚSICA. Não sei porquê mas compreendo porque é que as mensagens que aparecem sempre em rodapé passaram de

   Juana amute keres ter 1 filhu meu? 

limpforever SOLMÚSICA iz da best passem mais metal!
Props pá baixa da banheiraEB2+3 9ºC


para

   miki féher o teu surriso tkou-me + k kker outra koisa és lindo e nk t eskeceremus 

Fábio klaro k keru amute e és o meu fofinho
amute mais ká vida Passem sam da kid


mas depois mudei para a TVI onde se arrastava mais um episódio dos Morangos com Açúcar e apareceu a Helena Isabel na televisão e eu só consegui lembrar-me disto (reparem nos barulhos de fundo, mas pronto, o que interessa e que se lembrem dessas tardes de idílio).

As frequências não me devem ter feito bem.
Desde que este fim de semana a minha irmã (uma das) agraciou a cidade do Porto com a sua presença para me vir visitar, o carácter algo irónico das nossas conversas fez-me ter vontade de escrever coisinhas... giras.
Aos que talvez tenham sentido a minha falta, fica a desculpa pela ausência, cuja causa maior parecem ser os filósofos Walter Benjamin e Theodor Adorno que me têm tornado os dias menos suportáveis em época de frequências. Ah, que irradiação aurática parecem ganhar as disciplinas práticas nesta altura...
Adiante. Ainda não é desta que eu me vou fartar de dizer mal do David Lynch, por isso peço a orelhas mais sensíveis ao assunto que passem a outro post, embora eu neste vá tentar dizer as coisas claramente e não ofender ninguém... (pois...)
Não me levem a mal. Eu até gostei do "Straight Story/Uma História Simples", porque, até como o nome indica, embora lide com assuntos complicados, o filme conta uma história simples. Não vou voltar a enunciar a minha teoria do cinema-como-história, vou enunciar uma totalmente nova: a teoria do Lynch-o-amado-pelos-ignorantes. Porque, de facto, é disso que se trata. E não se passa só com o Lynch, mas com muitos outros.
No cinema, especialmente para as pessoas do meio "culto" e "intelectual", criou-se um fascínio pela obra que suscita comentários imediatos como "uau! não percebi muito bem, mas é fantástico!" e "quem filme bom! não percebi nada!" o que me faz concluir que a inatingibilidade do filme é uma das características que lhe é intrínseca e necessária se este almejar a ser considerado bom. Ou seja, qualquer filme que não seja entendível, que não tenha história, que tenha carácter de devaneio onírico, e que permita a qualquer crítico de cinema fazer-lhe uma apreciação onde se incluam as palavras "lirismo da narrativa" "homogeneidade" e "titubeante", juntamente com expressões em inglês que têm tradução imediata em português mas são deixadas em inglês (ou secalhar são traduzidas de português para inglês? para estabelecer uma nova moda? digo, trend?)
Digo isto, porque realmente acredito que o cinema consiga elevar o espírito, fazer as pessoas pensar, agir, saber... mas há filmes que não o conseguem. É um pouco como a arte do Alto Renascimento, vá lá, uma qualquer obra do Miguel Ângelo (não o dos Delfins, o génio, mesmo) - aquele homem conseguia mexer com as pessoas. E na minha opinião, o cinema bom também tem esse efeito.
E porquê chatear-me com o David Lynch à custa disto? Porque, meus caros, o David Lynch é um homem do Renascimento dos tempos de hoje. À semelhança de Miguel Ângelo, de Leonardo da Vinci, artistas multifacetados, que tanto eram pintores como escultores, engenheiros, cientistas, escritores, atletas, poetas, também Lynch faz tudo: realiza filmes, escreve argumentos, é poeta, toca banjo (a Kati ao se tornar crítica de música para criticar justamente o seu último àlbum, parece achar que muito bem) e canta! É um verdadeiro homem dos sete ofícios.
E por isso a desilusão é maior. Como homem do Renascimento, deveria ter o à-vontade, o gosto e o dom de mexer com as pessoas. Mas falha miseravelmente, criando obras incompreensíveis na sua maioria, retratos da sua mente, que me fazem pensar que ele está deslocado dos dias de hoje.
Penso que no séc. XV talvez se compreendesse melhor o fascínio deste homem...

...o que me leva a ter um breve apontamento sobre o dito filme, Fascínio, de José Fonseca e Costa... parece que durante as filmagens, os protagonistas Vítor Norte e Sylvie Rocha se apaixonaram... ora eu acho que pessoas que se apaixonam durante as filmagens daquilo, deveriam pensar se isso é um bom presságio para a relação...