2004/11/26

O QUE EU GOSTO EM NOITES COMO ESTA É QUE ME DIVIRTO

Ou seja: ontem fomos ver o "Dodgeball". Sessão da meia-noite, um filme cuja tradução em português é "Uma questão... de bolas" (o que deve explicar a sala cheia de homens. excepto eu e a cristina). Um filme impagável! O Ben Stiller continua no seu melhor, o Vince Vaughn óptimo como sempre, a mulher do Ben Stiller mais suportável que no Zoolander. Depois de ficar mesmo, mesmo até ao fim dos créditos e ter uma pequena surpresa.. estranha, viemos para casa ainda a rir.
O filme é mau. Mas já não me ria assim há uma data de tempo. Os gajos que o fizeram divertiram-se a fazê-lo, e não se levam demasiado a sério, por isso não temem rir-se deles mesmos. Estão a gozar a experiência.

O que dá sempre para pôr as coisas em perspectiva.
Divertir-me. É só essa atitude que eu quero ter, sempre, em relação a tudo.

PS. Especialmente depois desta semana atribulada, que incluiu uma AGA (Assembleia Geral de Alunos) de quatro horas non stop: A última que tinha ido foi no secundário, e sabia que havia uma razão para deixar de ter ido. Só que tive de ir a esta para me lembrar. S-e-e-e-e-c-a.

2004/11/22

UM POST ATRASADO
ou
Relato do fim de semana de 13 e 14 Novembro


Primeiro. "Surplus" no Passos Manuel, um documentário sobre a sociedade de consumo e seus expoentes, de uma maneira geral. Sexta à noite, com a sessão de cinema gratuita à meia noite. Também foi a minha primeira visita ao espaço Passos Manuel, que me parece bem melhor que o Maus Hábitos do outro lado da rua (mas secalhar é só por ser novidade). De qualquer das maneiras, o documentário, de Erik Gandini e Johan Soderberg, é espectacular: uma montagem vertiginosa, muito cuidado no encadeamento imagem/som, muitas línguas, muitos países, muitos cenários. Uma abordagem que é quase uma música: um refrão que repete partes mais emblemáticas do discurso, num todo que resulta extremamente contemporâneo e actual: revi-me naquilo e foi por isso também que gostei de me embrenhar e deixar-me levar - o que levou à reflexão mais profunda que o filme pressupõe. Não concordei com algumas das posições que tomavam, como a da luta violenta contra o consumismo (baseada em imagens da convenção dos G8 em Génova), mas no geral fez-me pôr algumas partes da minha existência em perspectiva. Claro que os dramas existenciais sobre ser consumista se desvaneceram depois de uma hora a dançar na pista do Passos Manuel - como toda a abordagem leviana também esta tem dificuldades em se entranhar em mim. Mas fica latente por voltar ao pensamento passado algum tempo. Espero que assim seja ao longo deste ano e dos próximos: sem pensar nestas coisas tenho medo de tornar inócua e inofensiva. Quanto ao Espaço Passos Manuel, tudo óptimo (aquelas cabinezinhas insonorizadas por trás do bar no piso de cima são ...uaaau!): mas mais uma vez, sempre as mesmas pessoas nos mesmos sítios. Os lobbies do Porto em acção. Já estou habituada...

Segundo. "Figurantes" no TNSJ (Teatro São João). Peça de inauguração do PoNTI'04, com encenação de Ricardo Pais, com texto de Jacinto Lucas Pires, cenografia de Pedro Tudela, elenco com os já habituais actores de Ricardo Pais, incluindo João Reis e António Durães. Embora no fim da peça tudo me parecesse irritante por mais uma vez os lobbies do Porto estarem em acção (se aquela cambada do TNSJ não é um lobby, meus amigos, então o que será?), gostei da peça. Primeiro, por reflectir no seu âmago sobre a linguagem, coisa que me parece menorizada em muitos aspectos, e extremamente importante; depois pelo aspecto cénico, coisa nunca descurada por Ricardo Pais e que, embora esteja um pouco longe da obra prima que foi Hamlet, é sempre um regalo para os olhos. Os actores são fantásticos, e a peça tem imenso ritmo, embora talvez levante demasiadas espectativas ao longo da peça que culminam num fim um pouco decepcionante. Pelo menos para mim. Espero por próximas produções. E espero poder ir a mais peças do PoNTI.

Terceiro. Sem ser cultura a potes, só uma observação: Sábado estava na FNAC NorteShopping uma senhora chamada Joanne Harris a autografar livros. Era assustador ver uma data de quarentonas com pilhas de livros dela a esperar pela senhora que escreve histórias para lhes encher as horas de ócio. Não sei se é bom que leiam aquilo, ou aquela outra italiana (Sveva Casati Modignani??) que escreve livros com títulos como "Baunilha e Chocolate" ou "A Viela da Duquesa". Ao menos não é Margarida Rebelo Pinto, mas e daí...
Algumas das pessoas que conheço no Ensino Superior acham que a utilização da palavra “percurso” na memória descritiva é garantia suficiente para um excelente trabalho. As mesmas pessoas utilizam cadernos Moleskine como garantia suficiente de terem cérebro.
Ao contrário do que se possa julgar, no Ensino Superior existe alguma tendência para comportamentos padronizados.
Acho que a terceira idade está cada vez mais marginalizada pelas camadas jovens.
Neste momento vejo duas maneiras de pôr um fim a esta situação: ou proibimos os velhos de andar com moedas de um cêntimo, ou os proibimos de ir fazer compras ao supermercado.


Palavras para quê? É um sociólogo português!


A propósito do texto que a Vera escreveu sobre as ciências sociais e/ou o jornalismo, recebi nesse mesmo dia uma SMS que dizia algo como “Qual o vosso problema com os sociólogos sportinguistas? Logo vocês, artistas falhadas!”. Ora, cá está, isto só prova como estes gajos são ressabiados e acreditam que o universo está unido num artimanha cósmica só para lhes lixar a vida. O facto da grande maioria ser do Sporting, mostra como esta gente tem a estranha necessidade de acreditar em coisas que, obviamente, não vão a lado nenhum.

Eu, nem sequer tenho nada contra eles...
Eles é que têm sempre qualquer coisa contra as...pessoas.


2004/11/17

QUANDO DEUS FECHA UMA PORTA, ABRE ALGURES UMA JANELA*
SÓ QUE ÀS VEZES A PAISAGEM QUE SE VÊ DESSA JANELA NÃO É LÁ MUITO BONITA


Querido Colin Powell: tenho pena que te vás embora, primeiro, porque eras o único com sanidade mental naquela Administração patética, mesmo que manipulado a fazer coisas que não te agradassem exactamente como pessoa. Tenho mais pena, no entanto, que a sra. Rice te vá substituir, pela simples razão que agora é que a tríade está perfeita: com o Rumsfeld, o Bush e a Rice, não há quem vos pare. Coitadinhos é de nós.
(Ricardo: os cartazes que trouxeste para Grafismos eram estranhamente proféticos. Não sei se te agradeça ou vaie. Mas continuo a achar que foram o melhor trabalho de todos).

*Esta frase é do mui conhecido e pouco louvado filme "Música no Coração" embora ache que já a ouvi em algum lado que não a boca da Madre Superiora ou da Maria.

PS. Se ainda não viram, não percam o livro "America: The Book" pela equipa que faz o Daily Show. Está na FNAC e ontem passei meia hora a rir só a folhear. Podem dar-me no Natal. Tem um prefácio de Thomas Jefferson. Na prateleira de design, nada de novo...

2004/11/14

Descobrimos recentemente a pólvora em mais um assunto: os cientistas sociais, jornalistas e licenciados em comunicação social são todos iguais. E ainda por cima, são todos do Sporting (salvo raras excepções).
A sua igualdade manifesta-se em vários pontos: primeiramente, a negatividade com que encaram o mundo em geral. Quer sejam antropólogos, sociólogos, psicólogos ou jornalistas, é-lhes inerente um cinismo que destilam em todas as afirmações relacionadas com o mundo à sua volta, especialmente relacionadas com a política ou o estado do país. São também incapazes de fazer uma crítica construtiva: derivado da negatividade com que encaram o mundo, é-lhes difícil encontrar algo no meio do caos de qualquer situação que valha a pena louvar.
Depois, são extremamente analíticos; analisam tudo o que os rodeia, o que pode ser mais facilmente observado em situações de confronto directo: quem nunca esteve a conversar com um psicólogo que a cada afirmação replica com frases do género "isso demonstra que a tua relação com a tua mãe nunca foi muito boa" ou "chamaria a isso um édipo reprimido, mas também demonstra insegurança"? Parecem que nos analisam a cada gesto, olhando-nos com um ar de quem sabe mais do que nós.
Seguidamente, são ambíguos: A nunca é A, B nunca é B. Mas também não é A. Que também não é B. Afirmação típica de um sociólogo: "Mas isso não é necessariamente mau..." ou "É preciso ver os dois lados da questão".
Finalmente: a grande maioria é do Sporting. Isto deve ter, sem dúvida, algo a ver com a negatividade e o cinismo que destilam de todos os seus poros; ou então com o facto das autoras do blog serem do Benfica.

Ps. Vá, agora não fiquem a pensar que odiamos cientistas sociais e jornalistas. Só sportinguistas. E mesmo esses, nem todos.

2004/11/02

oh say does that star spangled banner still wave...
o'er the land of the free...
and the home of the brave!


ah. chegou o dia.
sei que vai ganhar o bush mas queria que ganhasse o kerry.
algumas considerações:
1. esta vai ser para mim a derradeira prova da democracia. dependendo de como as coisas forem feitas, a minha fé nesta forma de governo a que o mundo se submete vai dissipar-se completamente ou manter-se em pequena escala.
2. se houver fraude eleitoral como há quatro anos atrás, ao menos que seja bem feita. porque duas vezes o mesmo erro, senhores, até os mais campónios americaanos habitando nas profundezas poderão começar a suspeitar.
3. se de facto, o kerry ganhar por alguma diferença, vou começar a suspeitar que há de facto interesses maiores em jogo, e alguém lá em cima na pirâmide hierárquica descartou o bush como o fantoche que ele sempre foi.
4. a new yorker anda a oferecer uns mapas da américa com autocolantezinhos vermelhos e azuis para controlarmos nós a eleição passo a passo. parece-me uma iniciativa fantástica. acho que está inserida na campanha da CNN de cobertura das eleições.

amanhã se verá. eu pelo menos vou ficar a ver a 1 ou a sic notícias... até de madrugada, ao que parece.