Alguns apontamentos estéticos às semanas que têm passado:
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Santana Lopes e o seu je-ne-sais-quoi de pai de família.
Sei que já passou uma data de tempo desde a famigerada comunicação ao povo português em resposta ao infrutífero (por agora) escândalo Marcelo, mas de facto todo aquele aparato em que ele surgiu parece-me digno de nota. Em primeiro lugar, todo o cenário, escrutinado e analisado por muitos, desde o horrível quadro no fundo (que em minha opinião, embora lembrasse levemente uma auréola, neutralizava por demais a cara do primeiro no tom geral bege da cena), às fotografiazinhas vistas apenas por possuidores de ecrãs de plasma LG com 50 cm de alto, às bandeiras que mal se viam, aos papéizinhos que voavam das mãos do querido santana, me pareceu errado. Mas errado à séria, do género de errado que só se faz no 10º ano do curso de Audiovisuais da António Arroio/Soares dos Reis, errado em tudo o que era básico.
O tom creme da cena foi o fim. Então e o contraste, senhores, senão com a carinha do
primo pelo menos com a monotonia do seu discurso? Um fundozinho assim dourado, azul, laranja, com cortinas, tudo menos aquele quadro medonho, aquelas luzes brancas a lembrar casa de banho de discoteca, aquela secretária de um castanho neutro... Que tal as bandeiras mais para o meio da composição, um plano levemente contra-picado... não? Uma secretáriazinha mais escura? Enfim.
Depois, toda a atitude do senhor. Insegurança, um olhar que não deixava de olhar para o lado para o consultor, em vez de transmitir confiança aos espectadores olhando em frente, as mãozinhas que não paravam, os erros contínuos que quebravam as frases e também o seu poder e intenção, as folhinhas que passavam de mão em mão (então e o teleponto senhores? essa invenção genial...), todo o tom de amigo do seu amigo, homem poderoso mas acessível... céus, quanta diferença do discurso e pose petulante e orgulhosa do dia em que o PR comunicou ao país que o PSD-PP formaria novo governo!
Mais, tarde, nessa semana e até hoje, santana premiou-nos com as suas insustentáveis gravatas.
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Paulo Portas e o seu ar informal
Este senhor também surpreende sempre. Quer seja pelo seu bronze de solário, pelos seus discursos que aumentaram em prepotência desde que assumiu o cargo de ministro da defesa, ou pelo seu guarda roupa. Desde que tomou parte no governo de Santana, o sr. Portas tem-se esforçado por estar a par do seu colega de governo em tudo o que ele faz, numa clara atitude de cãozinho. Esta, é, na minha opinião, diferente daquele que ele tomava no governo do sr. Barroso, em que se esforçava para mostrar ao país o quão estava à altura do seu cargo, enquanto no exercício do mesmo brincava aos barcos e aos submarinos. Agora, legitimidades provadas, permanência no governo assegurada, o sr. Portas tornou-se mais despreocupado, mais sorridente, e, até, mais informal. Ora vejamos, na semana passada, ao falar do orçamento de estado, apareceu de camisa e blazer, a camisa meio aberta deixando entrever aquele bronze que insiste em manter até estados não naturais, e frases que são verdadeiras pérolas, como
"Este orçamento é bom é, para o avô e para o bebé". Enfim. Não vou discursar sobre a despedida do senhor da sua amiga cinha jardim que entra num certo concurso porque prometi a mim mesma, depois da gala de apresentação, e pelos factores que enumerarei a seguir, não voltar a ver esse irritante exemplo de televisão-lixo. Ora aqui está porquê, embora seja óbvio:
a) Júlia Pinheiro versão histérica e vestido-fucsia-merengue, e mais insuportável que nas suas crónicas "Querida Júlia" na Lux
b) Um cenário roubado claramente ao Buereré ou, mais preocupantemente ainda, aos Teletubbies
c) As caganitas de cabra que rolavam alegremente pelo acima mencionado, chocando, por vezes (não duvido) com o vestido merengue da sra. Pinheiro
d) e obviamente, as pessoas que alegrarão os dias de alguns, os participantes do concurso.
Bem, penso que entrei em alguns devaneios, mas o essencial está escrito. Mais apontamentos estéticos para breve, ou não.